Sobre a importância do planejamento para tomar qualquer iniciativa, envolvendo grandes ou pequenas decisões, todos sabemos. Ter-se objetivos, compor-se cenários futuros baseado nas informações disponíveis no presente e o estabelecimento de estratégicas (ações) de como atingir estes objetivos, deve estar inserido em nossa rotina de vida pessoal e profissional. Outra questão que não podemos esquecer, é que uma escolha implica na renúncia de uma ou mais alternativas e que, a melhor opção é aquela cujas consequências são previstas e identificadas como as mais satisfatórias ou menos danosas. Claro que não é um processo estanque e definitivo. Como processo, significa que o ato de planejar, decidir, controlar, replanejar é cíclico e permanente.
O controle, por sua vez, está em acompanhar, seja por indicadores métricos ou simplesmente por "sinais" se aquela decisão/escolha está se confirmando com a mais indicada ou se os objetivos propostos estão, de fato, sendo atingidos. Quando realizado em curtos períodos de tempo, estas informações ou feedbacks, possibilitam que novas decisões podem ser tomadas, se for o caso, atualizando ou redirecionando o planejamento inicial, repetindo-se o processo.
Pois bem, quando há ruptura neste processo, ou seja, ocorre o planejamento, podendo inclusive transformar-se em plano - que é a organização formal do planejamento - mas não se controla/acompanha observando-se se o planejado está se confirmando, ou, como na maioria das situações, as decisões são tomadas por impulso ou baseadas em fantasias sem qualquer planejamento, suas consequências são sentidas fortemente pela empresa, normalmente refletidas em seu empobrecimento, redução de produtividade, diminuição da fatia de mercado, etc.
Não há como separar a empresa da pessoa do seu titular, ou seja, os impactos sofridos pela empresa impactam no empresário e de alguma forma são somatizados em seu organismo. O desequilíbrio emocional acontece, portanto, quando o empresário se vê com sua capacidade administrativa questionada, na maioria das vezes por si próprio, podendo derivar, desde que este comportamento não seja corrigido, ou seja, aprendizado com seus próprios erros, em problemas de saúde física e mental.
É comum, principalmente em consultorias financeiras, recebermos empresários com uma carga emocional altíssima, não raras vezes demonstrada por crises de choros e/ou acusações mútuas, quando envolve sócios da mesma família, ou com evidente demonstração do lócus de controle externo - atribuição a outrem a responsabilidade por seus fracassos ou frustrações -, como o concorrente, os colaboradores, o governo, a legislação, os bancos - até aí por nós entendido, porém responsabilizando até os próprios clientes pela grave situação financeira em que se encontra, considerando-os exigentes, infiéis e insensíveis.
Existem algumas situações em que o reestabelecimento gradual do equilíbrio emocional ocorre estimulado, inicialmente pela formulação de uma cartilha de ações que envolve desde a implantação e uso de ferramentas de controle, mudanças de processos internos, capacitações e treinamentos para a equipe em áreas funcionais críticas, definição de normas e funções e, principalmente cursos de atualização para o empresário referente ao segmento e outros eventos que lhe permitam autoanálise e a troca de informações e dificuldades com outros empreendedores.
Existem outras situações, no entanto, que, em função de longo tempo de descontrole e decisões reativas, não existe possibilidade de recuperação do negócio. Se num primeiro momento a reação é de frustação, nota-se na sequência um certo alívio do empresário pela perspectiva de retomada do equilíbrio emocional e da liberação da tensão contida.
Com certeza em ambas as situações há um inequívoco ganho! A experiência dos atores mostra a necessidade clara de planejar e controlar para evitar-se sofrimentos, acessível a todos os administradores.